Desenvolvimento & Produção

Trilha sonora nos games: 3 lições para aprender com o jogo Undertale

Trilha sonora nos games: 3 lições para aprender com o jogo Undertale

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O ano de 2015 trouxe muita trilha sonora e som de qualidade para todos os gostos no mundo dos games. Em especial, os efeitos sonoros do jogo Undertale chamaram a atenção da comunidade de música para jogos e também da mídia.

Mas, o que você pode tirar de lição dessa trilha para aplicar em seu projeto?

Antes de prosseguir, estamos falando de um caso raro em que o compositor fez o jogo. Isso mesmo: não estamos falando de um programador que aprendeu música no processo, e sim de um compositor que fez o próprio game.

Toby Fox fez discografia para alguns jogos menores e mods de Earthbound e Touhou desde meados de 2010. Então, é importante lembrar que estamos falando de um compositor já experiente em termos técnicos.

Você pode conferir um compilado da trilha sonora do jogo Touhou neste link. Depois, aproveite para entrar neste álbum no bandcamp e escute essa trilha durante a leitura deste artigo (recomendo a compra também).

Aprendendo a trabalhar na trilha sonora com limitações técnicas

O visual do jogo Undertale é bem retrô e lembra em muitos momentos os jogos do antigo NES ou do Master System. Porém, a trilha sonora não se limita a chiptune característico de consoles 8bit.

A trilha tem diversas sonoridades bem modernas trazendo timbres bem próximos da realidade. Eles não parecem ter saído de samples ultra realistas, mas cumprem de forma fantástica com seu papel, como na música Ruins. Já em temas como o de abertura (Once upon a time), a presença das influencias 8 bit são claramente sentidas e ainda temos outros temas como o de batalha (Enemy Approaching), onde temos uma mistura entre os dois timbres que torna o trabalho mais interessante ainda.

Então, a lição é que nem sempre o visual deve ser o mandatório para a direção da trilha sonora. Se toda a trilha fosse 100% 8 bit respeitando suas limitações talvez ela não teria o impacto gigante que teve.

Variedade com identidade

A trilha completa do Undertale tem ao todo 77 músicas (segundo o Toby, in game são utilizadas mais de 101 músicas diferentes).

Nessa série de músicas, além da variação técnica que citei no outro tópico, temos uma variação de estilos musicais incrível. Então, o que poderia virar uma “salada” é muito bem encaixado com a utilização de técnicas comuns em RPGs como Final Fantasy e até mesmo em jogos como Super Mario e em diversos filmes – como a técnica do motivo condutor, onde a melodia do tema principal é tocada por diversas músicas em diferentes ritmos durante o jogo inteiro.

Essa técnica conecta todas a maioria das músicas que utilizam ritmos diferentes e instrumentos também diferentes, cada parte do jogo passa a impressão de que existe um fundo musical pensado pra ela. Obviamente existem muitas músicas que se repetem, mas, para um jogo com a temática do Undertale (RPG) a trilha foi muito bem pensada para não causar estafa auditiva no ouvinte.

A lição neste tópico é: quanto maior a sensação de variedade sonora -sem esquecer da coesão entre os temas – mais adequada a música vai ser ao estágio/cena que ela representa e isso vai causar uma imersão maior no jogador.

Diversas inspirações

Ao escutar pela primeira vez a trilha do Undertale, duas referências ficam gritantes:

– Final Fantasy: o tema das boss battles, bem no estilo do estilo do Nobuo Uematsu de fazer trilhas, o qual usa bastante variação de ritmos. Apesar do Toby citar uma outra trilha que usa Nobuo como referência (que é a do Mario RPG), a nostalgia fica muito evidente nesta trilha sonora.

– Touhou: sim, é um jogo de tema completamente diferente do Undertale, mas muitas das referencias de estilo musical, como aquele fusion que só os japoneses sabem fazer, fica bem aparente na trilha do Undertale.

Em resumo, a trilha sonora une algo bem característico ao gênero de jogos, porém trazendo algum elemento novo para a mesa, e é essa a lição desse tópico: sempre tente trazer algum elemento novo para a trilha sonora do seu jogo.

Ok! Eu não sou compositor o que eu devo fazer com estes 3 itens?

Você deve se preocupar com a trilha sonora do seu game antes mesmo de terminar seu projeto. O Toby provavelmente compôs a trilha durante cada parte do jogo, por isso é importante envolver um profissional nesse estágio do projeto.

Assim, o seu jogo vai sair na frente de diversas produções que não têm cuidado nenhum com a trilha sonora e nas quais o desenvolvedor ou pede uma música apenas para um jogo com gameplay de horas ou mesmo seleciona algumas músicas de pacotes de trilhas, sendo que elas podem não fazer sentido ou ter ligação alguma.

Antes de terminar, recomendo que você leia também o artigo Usando Áudio Dinâmico para Aumentar a Imersão do seu Jogo.

E você quer saber como criar jogos com potencial de vender milhares de cópias e que podem ser desenvolvidos por uma pessoa sozinha ou uma pequena equipe?

O Raphael Dias preparou um vídeo simples explicando como faz isso no estúdio de games dele. Acesse essa página para conferir: https://pdj.blog.br/aula-criar-jogos.

Opa,

qual foi a maior sacada que você teve? Conte nos comentários.