Empreendedorismo

Da Engenharia aos Jogos: Como ele conectou dois mundos distintos

Da Engenharia aos Jogos: Como ele conectou dois mundos distintos

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Nós temos um conteúdo aqui na Newsletter onde eu entrevisto alguns alunos para que eles possam contar as suas experiência no desenvolvimento de jogos.

O objetivo é que você possa aprender com a experiência deles, além de se inspirar com as histórias.

Nessa edição eu convidei o Paulo Eduardo Aragon (Padu), fundador da Delta Arcade, criador da rede para engajamento de game devs CTRL ALT e gerente de projetos do estúdio internacional Highstreet.

O Padu faz parte da minha mentoria Next Level e nessa entrevista ele compartilha a experiência da migração da área de Engenharia Ambiental para a Indústria de Jogos. Com um jogo que chamou a atenção da ONU e agora atuando como Gerente de Projetos para uma empresa estrangeira, tenho certeza que você vai se inspirar com a trajetória dele.

Confere aí:

Como você começou na área de desenvolvimento de games? O que te motivou a criar seus próprios jogos?

Padu: Entrei no universo dos jogos aos 10 anos, quando ganhei meu Game Boy Color, e também por causa da minha paixão pela franquia Pokémon. Desde então, sou apaixonado pelos consoles portáteis e em acompanhar análises de jogos e notícias do mercado de Games.

Mas comecei a trabalhar na área a convite do meu irmão mais novo, em 2018. Na época, eu ainda estava no meio da minha graduação em engenharia, e fui chamado para auxiliar no gerenciamento de um projeto de desenvolvimento de jogos.

Me apaixonei pela área, principalmente por gestão e desenvolvimento de negócios, e nunca mais parei de trabalhar com isso.

Apresentação sobre jogos como ferramenta para transformação social. Fonte: Paulo Eduardo Aragon

Seu background em Engenharia de Recursos Hídricos e Meio Ambiente influenciou de alguma maneira sua abordagem ou perspectiva no design de jogos?

Padu: Bastante, principalmente no que tange a gestão de pessoas e gerenciamento de projetos. Atuar como engenheiro me ajudou a adquirir diversas habilidades necessárias para cuidar de projetos e times tão diversos.

Além disso, me permitiu trazer um pouco do que aprendi trabalhando em empresas mais tradicionais, com muitos anos de mercado, para ambientes mais dinâmicos e emergentes, como o de startups e estúdios ‘indie’.

A possibilidade de extrair o que há de melhor dos dois mundos e aplicar em equipes em pleno desenvolvimento no design de jogos é uma experiência incrível.

O jogo “Cidade do Amanhã” venceu um concurso do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da ONU. Como foi a experiência de participar e vencer esse concurso?

Padu: Trabalhar com a ONU para o desenvolvimento de um jogo foi uma experiência incrível. Aprendemos muito sobre trabalho em equipe, gestão de projetos, e a lidar com prazos. Como gestor, meu maior desafio foi o de conciliar os interesses do parceiro com as necessidades do meu time e o que queríamos entregar como experiência para os jogadores.

Foi uma experiência muito profissional e amigável, e adoramos o resultado final. Acredito que conseguimos provar que é possível fazer jogos muito divertidos capazes de agregar valor na educação convencional.

Cena do jogo Cidade do Amanhã. Fonte: Paulo Eduardo Aragon

Quais foram os principais desafios que você enfrentou em seus primeiros anos junto à Delta Arcade?

Padu: Acredito que o maior desafio que enfrentei é o mesmo que muitos estúdios ‘indie’ em estágio embrionário também enfrentam: a parte financeira, ou seja, a busca por financiamento, e por formas de manter o caixa da empresa saudável, principalmente nos estágios iniciais de desenvolvimento dos primeiros projetos.

Como você via a indústria de jogos antes de entrar nela e como isso mudou após sua experiência?

Padu: O que mais mudou depois de alguns anos atuando na indústria de jogos é justamente o fato de agora eu conseguir entender as dinâmicas desse mercado e os desafios do nosso país para o amadurecimento deste ecossistema, principalmente quando pensamos em modelos de negócio sustentável e arranjos produtivos tornando-se empresas saudáveis.

Para além de bons desenvolvedores, precisamos estar preparados para transformar essa paixão em um negócio estável capaz de nos permitir trabalhar com aquilo que amamos!

Logos da Delta Arcade e Ctrl Alt. Fonte: Paulo Eduardo Aragon

Como surgiu a oportunidade de trabalhar remotamente para uma empresa de fora do país? E quais são os principais desafios de fazer o gerenciamento de projetos do time de Game Design de forma remota?

Padu: Sempre fui entusiasta de gestão e do desenvolvimento de negócios e de como levar essa visão para o ecossistema de desenvolvimento de jogos. Durante meus primeiros anos no mercado de Games, participei de uma aceleradora de Startups do governo do estado do Rio de Janeiro (Startup Rio 2019), onde tive a oportunidade de conhecer diversas pessoas.

Isso acabou me abrindo as portas para essa vaga, pois o time de Game Design desta empresa estava crescendo e precisavam de ajuda para ajudar a estruturar o time. A vaga era pra gestão, mas ter conhecimento de Game Design e negócios foi um diferencial.

O maior desafio de fazer o gerenciamento de projetos de Game Design de forma remota está na comunicação e construção de relacionamentos. Ainda mais em uma equipe com colaboradores de diversas nacionalidades e fusos tão distintos.

E o fato de toda a comunicação estar apoiada em recursos virtuais aumenta as chances de falha na comunicação. Por isso, investimos bastante em criar meios que facilitem esse contato e tornem a comunicação mais eficiente.

Você acredita que essa experiência em uma empresa maior e estrangeira trouxe uma nova perspectiva ou abordagem ao seu trabalho com desenvolvimento de jogos?

Padu: Completamente. Do ponto de vista de gestão, quando começamos um estúdio ‘indie’ e ainda não temos muita experiência, às vezes nos faltam as melhores práticas na implementação de metodologias de gerenciamento e documentação do projeto.

A experiência em uma empresa maior está nos ajudando a otimizar nossos processos e o trabalho de todo o time. Fora o tanto que aprendo todos os dias ao lidar com diversos profissionais de diferentes áreas e diferentes experiências.

Telas de gameplay dos jogos “Don’t Give Up: Not Ready to Die” e “Quantum Cat”. Fonte: Paulo Eduardo Aragon

Para quem deseja seguir uma carreira internacional na área de Gerenciamento de Projetos, quais habilidades e competências você considera mais cruciais com base em sua própria jornada profissional?

Padu: Estudar bastante sobre gerenciamento de projetos e suas metodologias. Para a área de tecnologia e desenvolvimento de jogos, recomendo fortemente estudar bastante sobre SCRUM.

Ter algum tipo de experiência também ajuda bastante, nem que seja em projetos voluntários ou equipes pequenas. A experiência prática ajuda bastante. E claro, dominar outros idiomas, especialmente o inglês.

Mais que o domínio da escrita, é muito importante conseguir falar com clareza, e ter bom entendimento do inglês falado. Mas não se desespere se você não for fluente ainda, o importante é conseguir se comunicar de maneira eficiente.

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E aí, o que você achou dessa entrevista?
Eu acho bem interessante a jornada do Padu e espero que ela ajude em alguns pontos da sua jornada e que te inspire a continuar criando jogos!

Opa,

qual foi a maior sacada que você teve? Conte nos comentários.