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Produção de Jogos entrevista: Rodrigo Pegorari

Produção de Jogos entrevista: Rodrigo Pegorari

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Muita gente tenta seguir uma carreira em jogos digitais no Brasil mas, atualmente, poucos conseguem. Para essa primeira entrevista do Produção de Jogos, eu convidei o Rodrigo Pegorari, um cara que está na área já há muitos anos.

Nessa entrevista nós falamos sobre o mercado de jogos brasileiro, ferramentas de desenvolvimento, dicas para quem quer seguir uma carreira no mercado de jogos, além de muitas outras coisas.

O Rodrigo também respondeu 3 perguntas enviadas pelos nossos leitores. Para saber quando serão as próximas entrevistas (e ter a oportunidade de mandar perguntas!), assine a lista de email aqui do blog. Além desse tipo de oportunidade, essa é a melhor forma de ficar atualizado com o conteúdo aqui do site.

Sem mais delongas, vamos à entrevista! Espero que vocês gostem!

Entrevista 01: Rodrigo Pegorari

Raphael Dias: Olá, Rodrigo! Gostaria de começar agradecendo você por ter aceitado dar essa entrevista para o Produção de Jogos. Tenho certeza que nossos leitores vão gostar muito de ler um pouco sobre a sua experiência no mercado de jogos digitais. Para começar, eu gostaria que você falasse para a gente um pouco sobre você, sobre como você entrou no mundo do desenvolvimento de jogos e um pouco sobre os projetos que você já realizou.

Rodrigo Pegorari: Olá Raphael, antes de tudo, muito obrigado pela oportunidade e espero poder contribuir com seus leitores no que for possível. Comecei a estudar o desenvolvimento de jogos há mais de 10 anos, nessa época eu já estava começando a trabalhar com design gráfico e estudando modelagem 3d.

Lembro que só haviam 2 ou 3 fórums de discussão sobre o assunto no Brasil e era bastante complicado achar material para estudo. Porém, o mais complicado era encontrar pessoas interessadas em fazer jogos por diversão, e foi então que resolvi a fazer um curso de programação para eu poder programar meus jogos.

Nessa época eu já estava trabalhando com Web, conheci o Flash e aprendi muito sobre lógica para games, mas somente depois de começar a estudar Blitz3D, uma plataforma para fazer jogos em 3D bem parecida com o que a Unity3D é hoje, é que conheci pessoas que trabalhavam profissionalmente com games no Brasil.

Foi então que recebi um convite para me mudar para São Paulo e trabalhar desenhando e programando a parte visual de jogos para Cassino (sim, na época era permitido :D). Nessa época me graduei como Bacharel em Artes Visuais e trabalhei para agências de publicidade, desenvolvendo websites e advergames em flash, e passei por diversos projetos desenvolvendo jogos para ios/android/web.

Atualmente trabalho remotamente como desenvolvedor front-end para uma startup norte-americana,  desenvolvendo um aplicativo interativo em 3d para browser.

Raphael Dias: Quais as principais dificuldades de trabalhar com jogos (como desenvolvedor ou trabalho relacionado) no Brasil?

Rodrigo Pegorari: Eu sempre leio notícias que sobram vagas para trabalhar com jogos no Brasil e faltam profissionais, mas o que eu vejo depois de anos, é uma escassez de trabalho para o setor, pois existem poucos estúdios no Brasil para suprir os profissionais dessa área, então networking é imprescindível.

Além disso, apesar de ser um mercado milionário, a média salarial é menor que outras áreas de TI, então sempre estamos tentados a trocar de área quando recebemos uma oferta melhor. Muitos empregadores aproveitam do sonho das pessoas ingressarem na área e contratam funcionários por salários bem abaixo da média, o que acaba desmotivando quem está começando.

Apesar de ser um mercado milionário, a média salarial é menor que outras áreas de TI, então sempre estamos tentados a trocar de área quando recebemos uma oferta melhor.

Raphael Dias: Como você vê o cenário atual de jogos no Brasil? O que você acha que está faltando para que esse cenário amadureça e evolua ainda mais?

Rodrigo Pegorari: Surgiram muitas empresas depois da popularização dos smartphones, antes fazer jogo era uma coisa muito grandiosa, agora com um orçamento enxuto é possível fazer coisas legais. Acho que as empresas de games estão acordando para o mercado, muitas ficaram iludidas com as histórias de pessoas que ficaram milionárias fazendo jogos para iPhone da noite para o dia.

Mais recentemente, com o boom dos indie games, muitas pessoas talentosas estão ingressando na área e se mobilizando, criando grupos e times de desenvolvimento, já com o pé no chão de que seu produto pode não ser o novo hit da AppStore, mas pode dar algum retorno.

Raphael Dias: Duas das principais dúvidas das pessoas que querem trabalhar com jogos são por onde começar e qual caminho seguir. No cenário brasileiro atual, que conta com mais cursos e faculdades relacionadas a jogos que 5 anos atrás, qual você acha que é o melhor caminho para alguém que ainda não entrou na faculdade trilhar para trabalhar no mercado de jogos?

Rodrigo Pegorari: Trabalhar com jogos é uma coisa bastante ampla, vai desde a parte artística até programação. Conheço muitas pessoas que fizeram faculdades de jogos no Brasil, e o lado positivo é que muitas delas trabalham juntas e criaram uma rede de contatos.

Por outro lado, as faculdades de jogos são bastante generalistas: se você quer ser programador, terá que assistir aulas de arte; se você quer ser músico, também terá que aprender um pouco de programação. Acredito que existam faculdades específicas com melhor aceitação no mercado de trabalho, e que não são impedem que o profissional siga a carreira no mercado de games.

As melhores especializações na área são cursos técnicos, muitos podem ser realizados remotos. Existem diversos cursos e treinamentos online. E se você souber um pouco de inglês, também é possível fazer workshops com profissionais experientes e que trabalham em grandes estúdios no exterior.

Raphael Dias: E para as pessoas que já estão no mercado de trabalho em alguma área próxima (marketing, análise de sistemas, design gráfico, etc) mas querem migrar para o mercado de jogos, qual conselho você daria para ajuda-las a fazer essa migração?

Rodrigo Pegorari: Além de cursos online, que já citei acima, acredito que o entrosamento em comunidades de desenvolvedores, e participação como voluntários em projetos de jogos, é o melhor jeito para começar a fazer um portfólio, conhecer pessoas e entrar na área.

Raphael Dias: Aqui no Produção de Jogos, eu tento separar o conceito de “produção de jogos” do conceito de “desenvolvimento de jogos”, onde o produzir um jogo seria analisar a viabilidade comercial e técnica do projeto (jogo) e gerencia-lo, enquanto desenvolver seria a execução desse projeto. Algo similar ao que acontece no cinema com os cargos de produtor e diretor. Você poderia comentar para a gente como você vê essa separação? Você acha que a parte de produção é importante mesmo para projetos pequenos, independentes, ou ela só passa a ser relevante em projetos grandes?

Rodrigo Pegorari: Em algumas empresas você pode encontrar cargos de game producer, o que na verdade se trata de algo parecido com um gerente de projetos. Mas existem pessoas que produzem jogos e aplicativos de uma forma mais gerencial, e não se envolvem necessariamente com o desenvolvimento do projeto em si.

Já conheci algumas pessoas que produzem jogos e aplicativos dessa forma, contratando uma equipe de desenvolvimento ou fazendo parceria com um pequeno estúdio.

Em algumas empresas você pode encontrar cargos de game producer, o que na verdade se trata de algo parecido com um gerente de projetos. Mas existem pessoas que produzem jogos e aplicativos de uma forma mais gerencial, e não se envolvem necessariamente com o desenvolvimento do projeto em si.

Raphael Dias: Alguns assinantes do blog me enviaram perguntas quando eu disse que iria lhe entrevistar. Eu selecionei três perguntas para essa nossa entrevista. A primeira pergunta é do Caio Alves, de São Paulo. O Caio perguntou o seguinte: “tenho uma idéia para um jogo, mas não tenho a menor noção de programação, como desenvolver e colocar em prática um jogo?”

Rodrigo Pegorari: Hoje você pode desenvolver jogos com ferramentas visuais e que não exigem (ou exigem bem pouco) programação. Sugiro que você pesquise algumas ferramentas que estão fazendo sucesso, como o Construct 2 da Scirra que tem uma comunidade que está crescendo bastante.

Raphael Dias: O Thiago da Silva, do Rio de Janeiro, quer saber o seguinte: “Quais as ferramentas apresentam maior facilidade/flexibilidade para o desenvolvimento multiplataforma mobile?”

Rodrigo Pegorari: Hoje o que está em alta são os middlewares, que são ambientes de desenvolvimentos que já incorporam um criador de cenários e código, além de cuidarem da portabilidade. Alguns famosos são a Unity3d, Shiva3D, GameSalad, 3dGameMaker, Marmalade SDK (esse mais complicado e em c++) e vários outros. A Unity3D tem uma curva de aprendizado bem interessante e uma aceitação de mercado muito boa para o desenvolvedor.

Raphael Dias: O Denner, de São Paulo, me enviou a seguinte pergunta: “Você utiliza alguma documentação ou diagrama para acompanhar o projeto? se sim qual?”

Rodrigo Pegorari: Atualmente estou envolvido em um projeto onde utilizamos as ferramentas da Atlassian, como o Jira para planejamento e o Confluence para documentação, são bem legais mas um pouco complexos. Nos projetos pessoais, venho utilizando o Trello, que é uma ferramenta muito simples e fantástica, é free, ideal para Kanban e diversas outras coisas, enfim, sugiro a todos que deem uma olhada.

Raphael Dias: Agora vamos falar mais um pouco sobre o seu trabalho. Em quais projetos você está trabalhando atualmente?

Rodrigo Pegorari: Atualmente estou trabalhando em um marketplace voltado para o desenvolvedor de jogos, www.ilusiva.com. É um site onde desenvolvedores podem comprar e vender ítens semi-prontos, como modelos 3d, música, ferramentas, códigos prontos.

O objetivo do site é possibilitar que o desenvolvedor consiga obter mais lucros em seus jogos, já que ele reduzirá os custos de produção, assim como seu tempo.

O objetivo do site (illusiva) é possibilitar que o desenvolvedor consiga obter mais lucros em seus jogos, já que ele reduzirá os custos de produção, assim como seu tempo.

Raphael Dias: Legal, Rodrigo! Bom, acho que vamos encerrar por aqui. Gostaria de te agradecer muitíssimo em nome de todos os leitores do Produção de Jogos por essa entrevista incrível, tenho certeza que para muitos essa entrevista vai dar uma renovada na motivação para continuar trabalhando com jogos (ou colocar o primeiro projeto em prática!). Obrigado, mesmo! Você gostaria de deixar alguma mensagem final aos nossos leitores?

Rodrigo Pegorari: Bom, gostaria de agradecer novamente pela oportunidade e dizer para as pessoas que estão começando que a melhor forma de aprender é fazendo, e o mercado sempre cobra um portfólio. Então a dica que gostaria de dar é para entrosarem nas comunidades de desenvolvedores de jogos e fazer projetos paralelos ao seu trabalho atual.

Evite sempre participar de projetos de “FPS revolucionário” ou “o novo league of legends” pois esses projetos nunca são finalizados (conselho de alguém que já perdeu muito tempo em projetos assim). Jogos de mobile são uma boa: são rápidos, simples e bastante valorizados no portfólio. Desejo a todos muitos jogos e sucesso!

Evite sempre participar de projetos de “FPS revolucionário” ou “o novo league of legends” pois esses projetos nunca são finalizados (conselho de alguém que já perdeu muito tempo em projetos assim). Jogos de mobile são uma boa: são rápidos, simples e bastante valorizados no portfólio.

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Esse é o final da entrevista, pessoal! Espero que tenha sido útil para vocês. Vocês podem saber mais sobre os projetos do Rodrigo visitando o site dele. Você também pode jogar online um dos jogos que ele fez (imagem abaixo), o Brain Ball Runaway (ou Esfera Mestre, em português), clicando aqui.

jogo_rodrigopegorari2

E se você tem interesse em também fazer parte da indústria de jogos, eu preparei um material para te ajudar nisso:

Uma última dica para você…

Se você quer criar jogos simples e com potencial de lucro, você precisa conhecer jogos semelhantes que tiveram boas vendas na Steam. Para isso, eu criei um ebook com uma seleção de 16 jogos simples e interessantes que você poderia ter feito em poucas semanas.

Além dos jogos, também incluí a quantidade de cópias vendidas de cada um desses jogos (dados reais vazados da Steam). Faça o download do ebook gratuitamente no botão abaixo:

Opa,

qual foi a maior sacada que você teve? Conte nos comentários.