Este é um artigo convidado escrito pelo Mauricio Lira de Alcântara Junior, sobre desenvolvimento de jogos 2D.
O Maurício Lira também é membro da Academia de Produção de Jogos, nosso treinamento online com cursos, entrevistas, maratonas de desenvolvimento e uma comunidade incrível de desenvolvedores de games.
Neste artigo o Maurício fala sobre 5 motivos para desenvolver jogos 2D, além de sugerir ferramentas que podem ser usadas para começar a fazer jogos desse tipo.
Sem mais delongas, deixo com você este excelente artigo do Maurício.
Com vocês, Mauricio Lira
Muitas pessoas acham que jogos 2D estão fora de moda, que tem um público restrito, ou que é apenas algo retrô, o que não é verdade.
Eu posso citar vários jogos que são populares e que fizeram sucesso no mercado mundial, títulos como Machinarium (2009), Braid (2008), Minecraft (2009), Angry Birds (2009), Super Meat Boy (2010), Limbo (2010) e FEZ (2012) e isso é só a ponta do iceberg, pois citei apenas jogos de um passado recente.
Jogos 2D existiram no passado, continuam no presente e acredito muito no seu desenvolvimento em massa no futuro, e vale lembrar que a era dos games teve seu início usando esse tipo de jogo, se bem que não tinha outra opção não verdade?
Nas décadas de 1950 até o início de 1980 todos jogos eram 2D até que em 1983 surge o primeiro jogo 3D o I, Robot. E na minha opinião ele é um jogo 2D com uma manipulação de câmera diferente da época, mas ele é considerado um primeiro jogo 3D, (não me perguntem se o jogo era bom, pois apesar de ter 42 anos eu nunca joguei).
Mas, com toda a tecnologia que temos hoje por que desenvolver jogos em 2D e não em 3D? É importante ressaltar que muitos jogos 2D atualmente são sucesso tanto de crítica quanto de vendas superando muitas vezes jogos desenvolvido em ambientes 3D, isso ocorre por causa de alguns aspectos importantes que devem ser levados em consideração quando o assunto é desenvolver jogos, são eles:
1. Desenvolver jogos 2D é mais fácil do que em 3D
Isso é um fato e não há o que se discutir. Quem deseja desenvolver em 3D precisa de um know how maior e requer uma equipe com habilidades de programação e arte mais profundas e apuradas do que quem vai desenvolver jogos 2D. Isso não quer dizer que jogos 3D são melhores do que os jogos em 2D.
2. Tempo de desenvolvimento
Esse é outro fator importante. Desenvolver jogos 2D leva menos tempo (pelo menos, na teoria).
Na minha opinião isso se deve principalmente por conta da criação dos assets que geralmente precisam ser muito mais elaborados em ambientes 3D, deixando assim o jogo visualmente muito bonito tanto quanto a complexidade da programação envolvida, ninguém quer ver um jogo 3D pobre visualmente (apesar de existirem vários jogos 3D lindos visualmente, porém com um gameplay horrendo) e fazer isso em 2D é muito mais fácil e rápido principalmente quando se usa engines.
3. Engines
Há várias engines (motores gráficos) disponíveis para criar jogos 2D. Para quem não sabe as engines são programas que facilitam a criação de jogos sejam eles 2D ou 3D pois possuem bibliotecas com funcionalidades diversas que ajudam na hora de criar o jogo.
Algumas dessas funcionalidades vão desde a implementação de um sistema de colisões, suporte a animações, sons, I.A. e suporte à linguagem de programação.
Vários são os motores gráficos existentes, entre eles estão: CryEngine, UDK, UE4, Unity e Blender que são muito populares e possuem versões gratuitas, alguns delas como no caso da Unity, UDK e UE4 podem ser usadas para criar jogos 2D, porém, sua manipulação exige maior grau de conhecimento por parte do desenvolvedor.
Contudo, existem outras engines como menor grau de complexidade na sua manipulação. Atualmente são tantas opções que não terei como cobrir todas elas mas citarei algumas:
CONSTRUCT 2
É uma das engines mais populares no momento e que tem inclusive um curso aqui na Academia de Produção de Jogos que é ministrado de forma magistral pelo Gustavo Larsen. Esta engine permite criar jogos sem que o desenvolvedor conheça de programação, basta ter um conhecimento introdutório sobre lógica de programação e muitos jogos podem ser criados.
Ela possui uma versão para estudo que é gratuita e a versão paga caso o desenvolvedor deseje vender o seu jogo.
Os jogos criados no Construct 2 podem ser rodados na versão paga em várias plataformas, WEB, Windows Desktop e Phone, IOS, Android, Wii U e Mac Desktop são algumas delas, já a versão Free pode ser rodada e testada na WEB.
Acredito que a Construct 2 é um ótimo ponto de partida para quem desejar iniciar sua jornada como desenvolvedor. É possível saber mais sobre ela e baixar a versão para estudo no site da ferramenta. Lá também será possível encontrar vários tutoriais para iniciar os estudos.
GAME MAKER STUDIO
O Game Maker é umas das engines mais antigas, ela foi criada em 1999 e possui muito adeptos, é muito fácil encontrar fóruns e sites que ensinam como usar essa ferramenta através de tutoriais e que servem também pára reunir desenvolvedores de todos os níveis. O GML ou Game Maker Language é a linguagem de programação utilizada no GM, aprender como utilizá-la permite ao desenvolvedor uma gama maior de possibilidades para inserir nos jogos, no entanto, é possível criar bons jogos dominando os recursos básicos dessa ferramenta. Assim como o Construct 2 o GM possui três versões:
Para obter a versão Free basta se cadastrar neste site.
STENCYL
A Stencyl é outra game engine que vem sendo muito usada principalmente nas salas de aulas de escolas do ensino fundamental e médio dos EUA e da Europa com o objetivo de despertar nos alunos o desejo de criar jogos. Possui três versões, a versão Free permite publicar jogos apenas para WEB, a versão Indie custa U$ 99 e permite publicar jogos para WEB e Windows, já a versão Studio custa U$ 199 e permite a publicação de jogos para as plataformas IOS, Android, WEB e Windows. A forma como essa engine trata a sua área de programação é sensacional, através de blocos que representam eventos, métodos e ações podemos criar através do recurso Drag and Drop (arrastar e soltar) tudo o que acontecerá no jogo.
Mas se você é um usuário avançado e adora programar na “unha” não se preocupe. A Stencyl permite que o programador crie mais blocos através da criação de bibliotecas e classe que estendem a área de programação. Para baixar acesse esta página.
GAME BUILD STUDIO
Outra opção interessante é o GBS, ele é um aplicativo que roda nativamente no Adobe Air. Sua instalação é rápida e fácil de fazer. Tem uma versão gratuita e duas pagas. A área de programação é muito rica e possibilita o uso de funções de expressões matemáticas e funções especiais. É possível utilizar vetores importados do Flash (SWF) que podem ser escalonados sem que haja perda de resolução. Tem como diferencial o desenvolvimento de jogos multiplayer através de um plug-in que era chamado Player.IO (agora Yahoo Games Network). O Player.IO oferece uma série de serviços baseados na nuvem. Os interessados devem acessar o site do programa.
4. Jogos indie de qualidade
Em um cálculo matemático simples Jogos 2D é = a desenvolvedor Indie (Independente). E o que isso tem a ver, Mauricio? Tudo. Desenvolvedores independentes fazem jogos que eles gostariam de jogar e fazem de tudo para que outras pessoas gostem também dos seus jogos. 8 entre 10 desenvolvedores indies criam seus jogos em 2D, isso porque muitos desses desenvolvedores querem jogos com a mesma pegada daqueles feitos a 30 anos atrás, jogos que alimentam a criatividade e a imaginação, por isso acredito que os jogos 2D tende a ter um capricho maior por parte dos seus desenvolvedores e uma paixão que fazem com que eles se tornem obras de arte únicas. É claro que alguém sem muita experiência em desenvolvimento de jogos também irá optar por desenvolver em 2D por tudo o que já foi dito aqui.
5. Criar ativos
Fazer isso em 3D é muito complexo. Imagine criar um personagem como o Joel, Sub Zero ou Nêmesis. É muito difícil e complicado, eles são gerados por uma malha muito complexa que leva tempo até ficar pronto, isso sem contar as armas, vestimentas e acessórios que precisam ser criados para cada personagem.
Já em 2D o processo é menos “traumático” e mais rápido, inclusive muitos arts designers ganham dinheiro vendendo assets em vários sites e muitos são os programas que agilizam essa tarefa assim como a sua animação, facilitando assim todo o processo de criação de personagens 2D. Programas como Spriter Pro, Anime Studio, Flash e Toon boom são alguns exemplos.
É claro que desenvolver jogos em 2D não depende apenas do que citei aqui, mas também de uma boa história, personagem que marque a vida das pessoas, de um gameplay que convença, de efeitos e uma trilha sonora de tirar o fôlego e o mais importante, fazer com que as pessoas tenham a maior experiência iterativa de suas vidas.
Bom vou ficando por aqui e espero ter contribuído de alguma forma com esse artigo. Aproveito para convidar a você para me dizer o que achou do texto. Críticas sempre serão bem-vindas pois se quisermos nos tornar bons desenvolvedores precisamos saber ouvir e aprender com elas.
Ah, e se tiver sugestões de outras boas engines para o desenvolvimento de jogos 2D é só comentar também! Só assim faremos uma comunidade de desenvolvedores cada vez maior e mais forte.
Comentários Finais (por Raphael Dias)
E aí, curtiu o artigo sobre criar jogos 2d? Então eu tenho uma dica e uma pergunta pra você.
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Chessarama redesenhado: uma olhadinha na nossa nova interface
Tons de progresso — Renovando as cores dos dioramas do Dragon Slayers
Peças de xadrez têm um humor? — Moodboard e design de personagens no Chessarama
Do rascunho ao resultado final — Como criamos os dioramas para o Street Soccer
Opa,
qual foi a maior sacada que você teve? Conte nos comentários.