Nos últimos anos vem acontecendo uma verdadeira democratização do desenvolvimento de jogos. E hoje em dia temos acesso gratuito a ferramentas de ponta do mercado.
Com apenas alguns cliques, um leigo utilizando a ferramenta correta consegue fazer o que há duas décadas requeria um programador habilidoso.
Essa democratização se deu especialmente pelo ganho de escala das game engines. Com versões cada vez mais baratas e até mesmo gratuitas, hoje qualquer pessoa tem acesso a poderosos programas para criar jogos.
Game engines como a Unity, Unreal, Construct, GameMaker, RPG Maker, entre várias outras, se tornaram queridinhas de quem tem algum interesse em criar jogos.
Com esse ganho de escala e acessibilidade por parte das game engines, vieram também as comparações.
“Qual é a melhor game engine?”
Que atire a primeira pedra quem não fez essa pergunta várias vezes.
No entanto, agora que temos acesso a múltiplas opções de game engine, todas com as suas vantagens e desvantagens, eu quero te convidar para uma reflexão um pouco mais profunda sobre a pergunta que intitula este artigo.
Preparado? Então vem comigo.
Afinal, qual é a melhor Game Engine?
Na minha opinião, essa pergunta – que é o principal questionamento de quem está iniciando no desenvolvimento de games – está intrinsecamente errada.
Ela não contempla duas coisas importante: o que será criado com a ferramenta, e quem a utilizará.
Sem a inclusão dessas duas variáveis, a pergunta se torna um convite ao erro.
Então, reformulando, eu acredito que a pergunta que você deve se fazer é a seguinte:
“Qual é a melhor game engine para mim, levando em conta o jogo que eu quero criar?”
Muitas vezes não nos fazemos perguntas assim quando se trata da escolha dos softwares que utilizamos no desenvolvimento de jogos. Mas, quer ver como pensamos assim para outras coisas?
Então, deixa eu te fazer uma pergunta…
Responda rápido: qual é a melhor ferramenta pra cortar?
Você tem uma resposta na ponta da língua para essa pergunta como provavelmente tinha para a pergunta da game engine? Ou você vai retrucar me perguntando: “Depende, para cortar o que?”
Como exercício (e diversão) deixa eu te dar um exemplo do dia de alguém que não inclui as variáveis “para quem?” e “para que?” na hora de escolher a sua ferramenta de corte.
“Pela manhã, ele está no quintal com um serrote cortando um pedaço de madeira pra colocar na mesa de casa. Depois lava o serrote e começa a cortar a carne em bifes para fazer o almoço. Depois de almoçar, seu filho de 6 anos precisa cortar papel colorido pro trabalho da escola e você empresta seu serrote. De noite, no jantar, usa o serrote para cortar à francesa uma pizza família.”
Soa absurdo, não soa? Mas é o que algumas pessoas fazem quando se trata de escolha dos programas que usam para criar jogos.
Como quase sempre na vida, o mais importante é tentar se fazer as perguntas corretas.
Conseguir boas respostas para perguntas ruins muito provavelmente te levará para caminhos errados.
Então ao escolher uma game engine pense antes em quem vai usá-la e para que fim ela será utilizada. Essa é a melhor maneira de escolher uma game engine e pode ser a diferença entre a vida e a morte do seu projeto.
Melhor para quem?
Agora, talvez, você esteja convencido de que a pessoa que utilizará uma game engine é fundamental na hora de escolher qual ferramenta será mais adequada para ela. Vamos aprofundar, então, no que deve ser analisado.
Se você está escolhendo quais game engines estudar para desenvolver jogos, analise o seguinte:
1) Você é um programador experiente e prefere ter bastante controle sobre a aplicação que está desenvolvendo?
Algumas ferramentas restringem bastante o quanto do código do jogo você consegue alterar.
Isso é feito para que seja possível criar mais soluções pré-prontas, o que ajuda na democratização do desenvolvimento de games.
No entanto, se você é um programador experiente e faz questão de ter controle total do seu código, você precisa procurar uma game engine com essas características.
2) Você programa mais ou menos bem, mas não hesita em utilizar funcionalidades pré-prontas das ferramentas mesmo quando elas não são exatamente o que queria?
Neste caso você possui um bom número de opções (e, como consequência, sua escolha pode ser mais difícil).
Busque pela game engine que oferece o melhor equilíbrio entre acesso ao código do seu jogo e funcionalidades prontas para serem incluídas no seu game em poucos cliques.
3) Você é um artista e prefere focar em outras partes do jogo além da programação, mesmo que isso signifique um jogo com mecânicas menos complexas?
Neste caso, você precisa encontrar uma game engine que ofereça um bom número de recursos pré-prontos.
Assim, você poderá criar jogos incríveis sem nunca precisa encostar em uma linha de programação (e, acredite, muitos jogos foram criados assim).
4) O seu conhecimento de inglês é perto de zero e, portanto, você não tem condições em acompanhar tutoriais ou tirar dúvidas sobre determinada game engine em inglês?
Se este é o seu caso, não adianta você escolher uma ferramenta que tem uma comunidade pequena de usuários no Brasil.
Mesmo se você considerar que tal game engine é incrivelmente poderosa, de nada adianta se você não vai conseguir estudá-la na profundidade necessária para utilizar seus melhores recursos.
Se você tem dificuldades com inglês, opte por uma game engine que possua uma grande comunidade de usuários brasileiros. Assim ficará mais fácil encontrar cursos e tirar dúvidas online quando necessário.
Melhor para que?
Ok, você já sabe quais game engines são mais adequadas para você no atual momento. Mas, afinal, quais projetos você pretende criar?
A minha sugestão é que você inverta o processo de aprendizagem.
Em vez de estudar uma game engine a fundo e depois pensar em como você irá aplicar este conhecimento, primeiro decida qual jogo você irá criar para depois fazer a escolha da ferramenta mais adequada.
Se você quer fazer, por exemplo, um jogo no estilo point-and-click, você encontrará game engines pouco conhecidas mas que são perfeitas para esta tarefa.
Isso porque elas são especializadas nesse tipo de jogo. São péssimas para criar outros tipos de jogos, mas excelentes para criar point-and-clicks.
Esse cenário também pode ser considerado para outros estilos de jogos.
Por isso, eu recomendo que você primeiro decida que tipo de jogo quer criar para depois escolher a game engine que estudará pra isso.
Se você também quer começar a desenvolver jogos, eu sempre recomendo começar dos mais simples para ir ganhando experiência. Eu criei um ebook com uma seleção de 16 jogos simples para você ter como uma referência sobre o tipo de jogo que eu acredito ser ideal para quem está começando.
Além disso, também incluí a quantidade de cópias vendidas de cada um desses jogos (dados reais vazados da Steam). Baixe o ebook gratuitamente no botão abaixo:
Opa,
qual foi a maior sacada que você teve? Conte nos comentários.